“Eu estudo com afinco, aprendo os conteúdos, mas no dia da
prova...”. Em resumo, esta é a queixa de um leitor que me pede ajuda. Ele conta
que adotou as atitudes sobre as quais já mencionei: 1) ser assíduo numa boa
escola preparatória; 2) não desprezar os conteúdos fáceis; 3) estudar um pouco,
mas todos os dias, tendo a paciência de colher resultados depois de vários
meses.
A opção pela escola
preparatória propiciou-lhe um espaço privilegiado de audição. Suas dúvidas são
esclarecidas instantaneamente. Além disso, ele aproveita as dúvidas dos
colegas, ouvindo os esclarecimentos do professor. O estudo dos temas fáceis o
colocou no topo da lista dos alunos com melhores notas nos exames simulados. O
hábito de estudar um pouco, mas todos os dias, trouxe rendimento ao aprendizado.
O leitor
acrescenta que, com estas atitudes, adquiriu o gosto de aprender. Desse modo,
ele constatou que tudo de que gostamos é antecedido de treino. Isso inclui os
estudos. Mas, apesar de seguir essas dicas, o triunfo ainda não veio nos
concursos. Mesmo bem sucedido nos testes simulados, a situação real de uma
prova deixa-o tenso. Assim, ele acaba por errar questões fáceis.
A fonte desse
problema está, quase sempre, relacionada à cobrança do candidato sobre si
mesmo. Tendo empenhado tempo e dinheiro nos estudos, tendo renunciado às
“baladas”, tendo relacionado menos do que gostaria com as pessoas do seu
apreço, o candidato se apavora diante da seguinte pergunta: “E se eu
fracassar?”.
Ora, dê a si
mesmo o direito de fracassar. Quase todos os concurseiros bem sucedidos
fracassaram em muitas provas. Mas não desistiram. Considere seu fracasso como um
treino a mais para um jogo que ainda não começou.
Na decisão da Copa
de 1958, o “complexo de vira lata”, do qual falou Nelson Rodrigues, quase veio
à tona quando os suecos fizeram um gol. O craque Didi, um grande líder entre os
atletas, apanhou a bola e, mantendo-a sob o braço, foi até o meio do campo:
“Vamos lá, acabou a moleza, vamos encher esses gringos de gols”. Essa atitude
foi cumprida com uma surpreendente calma (aquela calma que faltou ao Dunga
contra a Holanda em 2010, e que veio em excesso para o Felipão contra a
Alemanha em 2014). Ao final da partida, o placar marcava 5x2 para ao Brasil.
Didi, que não se
apavorou diante do primeiro percalço, é o mesmo que, quando acusado de não se
empenhar nos treinos, cunhou esta frase: “Treino é treino, jogo é jogo”.
Parafraseando-o, deixo esta mensagem ao leitor que tem se mostrado melhor nos
treinos que nas provas: “Treino é treino, prova é prova”. Então, no dia da
prova, para não ser tomado pelo desespero, diga calmamente para si mesmo:
“Vamos lá, acabou a moleza, vamos encher essa prova de gols, ou seja, de respostas
certas”.
Colaborador: Dr. José Roberto Lima - Professor de Direito, delegado federal e autor do livro “Como passei em 15 concursos”, da Ed. Método.
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