Fechando o
carnaval, houve o clássico entre Vasco e Flamengo, onde o primeiro foi à final
da Taça Guanabara e o segundo perdeu a chance de estar lá. Imputou-se a Deivid
a “culpa”, o que não é de todo correto, já que o jogo tem centenas de lances,
mas não se pode negar que perder um “gol feito” tem uma conta alta para o
placar e, talvez, até maior para o lado psicológico do time. Eis parte da
notícia sobre o jogo, publicada no Portal IG:
“Deivid perde gol inacreditável. O lance que mais marcou o clássico,
porém, não foi um gol, mas uma chance inacreditável perdida por Deivid. Aos 35
minutos, Léo Moura foi até a linha de fundo, passou por Rodolfo e rolou para o
atacante que, completamente livre e dentro da pequena área, conseguiu acertar a
trave num dos gols mais perdidos da história do futebol. O lance foi tão
incrível que a torcida do Vasco passou a gritar o nome do atacante rival.
‘Deivid é seleção’, ironizavam os torcedores.
Na saída de campo, visivelmente abatido, o atacante lamentou o lance
e admitiu que já estava quase correndo para comemorar. ‘Foi o gol mais perdido
da minha vida, com certeza. Não dá nem para explicar. A vontade de fazer e já
ir comemorar era grande e acabei errando’, disse Deivid. No final do segundo
tempo, Vasco e Flamengo ainda tiveram boas chances para marcar, principalmente
o time cruz-maltino, com Diego Souza, mas os times foram para o intervalo com a
igualdade no placar após um belo primeiro tempo.”
O que isso pode
nos ensinar?
Bem, que
primeiro se marca o gol, e depois se comemora. Ou, noutras palavras, “não se
deve contar com o ovo no interior da galinha”. Quem faz isso perde
oportunidades espetaculares, como foi o caso do jogador que, ansioso, não
cumpriu as etapas e, por isso, teve decepção e dor ao invés da
desejada comemoração.
Na vida dos
concurseiros, isso também pode acontecer com igualmente trágicas consequências.
Escrevo aqui para que você, tomando como metáfora o que aconteceu nesse jogo,
não cometa alguns erros clássicos.
A ansiedade
de comemorar a aprovação faz com que muitas pessoas não se curvem à
necessária rotina de preparação. É como se já rejeitassem o "trabalho de
formiguinha", a boa e velha rotina do estudo, treino, revisão etc.,
querendo ir logo para a próxima fase, aquela com aprovação, nomeação e posse, e
tudo o mais que vem para quem passa, mas só depois que o "gol" está
feito. O que se recomenda é que você visualize o gol sendo feito, mas primeiro
jogue a bola para dentro da rede. No nosso mundo, os gols são feitos
lentamente, assim como é a preparação de um bom atleta. Para jogar os 90
minutos há uma vida de treinos antes e aí, nessa hora, vale lembrar: “quanto
mais você suar no treinamento menos vai sofrer no campo”. Ou, como diria o
BOPE, “treinamento difícil, combate fácil”.
Em suma, todos
querem fazer gol e comemorar, mas apenas os grandes artilheiros têm a paciência
de não misturar as fases: primeiro faça o gol, depois comemore, e não
tenha pressa de comemorar antes de fazer o "dever de casa". Como
já citei no meu site, "todos têm o desejo de vencer, mas apenas os
campeões têm o desejo de se preparar".
O outro erro é a
falta de intervalos. Todo erro que o concurseiro comete tem um outro erro igual
e proporcionalmente oposto. Alguns querem tanto ganhar logo o jogo que não
param para descansar. Isso, nos esportes e no cérebro, gera esgotamento físico
ou emocional. Assim como qualquer atleta ou time de futebol, você precisa de
momentos para recuperar os músculos, a alma, o coração. Aqui entram o dia de
descanso, a atividade física e o lazer. Tudo moderado, tudo equilibrado, mas
tudo feito com a objetividade de um time vencedor. Nessa hora, você pode ter um
coach, que lhe ajuda, mas pode ser você mesmo seu treinador. Aqui, neste
artigo, estou me oferecendo como coach para dizer: busque equilíbrio,
não antecipe fases, ame treinar, saiba parar para descansar o
"equipamento" sem exagerar nisso... e as vitórias virão.
Ansiedade
em relação à prova. Muitos ficam ansiosos pelo que existe de bom
no futuro, mas há quem fique ansioso pelo que pode haver de ruim. Repare:
"pode", pois o medo é uma projeção sobre a realidade e nem sempre o
que tememos acontece. Quanto mais medo você tiver, maior a chance de algo dar
errado. Não confunda medo com prudência. Um bom concurseiro aprende a
vencer o medo se valendo da prudência e da preparação prévia. O
erro que abordo agora ocorre com o candidato sofrendo a respeito da
chegada do dia da prova, ou em relação à quantidade de candidatos, ou se as
questões serão difíceis ou não, ou se vai haver fraude, ou se vai ser nomeado,
ou... qualquer coisa que possa dar errado.
Esse tipo de
ansiedade e medo apenas prejudica o desempenho. Seria como o jogador de futebol
que “amarela” na hora do jogo, ou o batedor de pênalti que fica com medo de
errar... e, por isso, erra. Já reparou na expressão facial de quem perde a
cobrança de pênalti? Afirmo que em 90% das vezes eu
consigo descobrir quem irá errar observando a alma, a face, a atitude do
jogador quando ele está prestes a executar a cobrança. Experimente fazer o
mesmo, e logo você verá que atitude, coragem, determinação e disciplina são,
nos esportes e nos concursos, o começo das grandes vitórias.
Enfim, não tente
antecipar as fases, e não se apresse, para não perder os gols que você pode
fazer. Devagar também é pressa, como dizia minha mãe. Primeiro treine, depois
faça o gol, e então vamos comemorar.
William Douglas é juiz federal, professor, escritor, mestre em Direito, aprovado em 1º lugar para juiz, delegado e defensor público/RJ, e especialista em Políticas Públicas e Governo.
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