Um livro que li classifica as pessoas em
“construtores” e “não construtores”. O primeiro grupo cria coisas, muda
futuros, realiza-se. As pessoas “não construtoras” são as que, por alguma
razão, acabam não conseguindo ter metas, ou concretizá-las. Razões para isso
existem muitas, claro.
Você, concurseiro, por suas escolhas e atitudes,
por estar aqui lendo sobre como passar... certamente faz parte do grupo de
construtores. Gostaria que fosse, então, um construtor de primeira linha e que
não esmorece diante dos desafios que vêm naturalmente. É, de fato, não existe
um carimbo de “CONSTRUTOR” e outro de “NAO CONSTRUTOR” com o qual alguém bata
na testa dos recém-nascidos. As pessoas é que vão escolhendo o que se tornarão
através de suas atitudes, pensamentos e comportamentos.
A soma de atitudes e pensamentos define os
comportamentos e estes definem os resultados. E, claro, somos nós quem
definimos, pela escolha ou pela omissão, quais serão nossas atitudes (posturas
diante da vida e dos desafios) , nossos pensamentos (o primeiro “campo de
batalha”) e nossos comportamentos (que, no final das contas, são o vetor que
muda a realidade material, o mundo externo).
Embora possam existir decisões pontuais, grandes,
emblemáticas, em regra o que define os resultados é uma série de milhares
de pequenas decisões cotidianas. Colhemos o que plantamos e essa é uma
atividade do dia a dia, da rotina que adotamos.
Pois bem, um dos pontos a serem observados para
sermos bons construtores, bons realizadores de idéias, bons alteradores da
realidade, é a capacidade de dar um ponto final em algumas situações. É a idéia
do “caso encerrado”.
Segundo o livro Sucesso
Feito para Durar - Histórias de pessoas que fazem a diferença
(Jerry Porras, Stewart Emery e Mark Thompson. Porto Alegre: Bookman, 2007):
“Os Construtores acabam optando por deixar algo
para trás não porque o estejam negando, mas porque devem se manter focados no
que estão construindo. Isso não significa que tudo foi perdoado, ou que a dor
está completamente curada, ou que todas as injustiças que podem ter sofrido
foram ignoradas. Eles tentam reescrever a história ou limpar sua ficha.
Tampouco fingem que nada aconteceu. Eles simplesmente decidem encerrar o
caso e seguir adiante. Ficar obcecado com os ressentimentos mantém vivos esses
mesmos ressentimentos; deixá-los para trás os obriga a morrer enquanto
retomamos nossa vida.
Alguns chamam isso de ‘conclusão’ ou ‘absolvição’,
o que no entanto implica que há perdão, resolução ou restituição – ou pelo menos uma apologia adequada.
Infelizmente, quando acontecem coisas ruins, muito do que ocorre raras vezes é
resolvido ou sanado completamente. Mesmo assim, os Construtores encontram um
caminho para seguir adiante, de forma que possam criar seu futuro. A raiz da
palavra ‘perdoar’ (forgive) é deixar para lá – encerrar.
‘Encerrar é uma palavra forte’, disse a reverenda
Deborah Johnson. ‘Quando algo é encerrado, acabou. Quando está encerrado, não
se dica voltando ao assunto.’ Tal é a forma como as pessoas bem-sucedidas
procedem. Elas não chamam isso necessariamente de perdão, mas, com efeito,
deixam de fazer da culpa um meio de vida.”
É exatamente sobre este tema que pretendo tratar no
artigo de hoje: encerrar, terminar, finalizar coisas. O trecho acima versa
exatamente sobre a capacidade de colocar um ponto final sobre assuntos que
incomodam de alguma forma, seja por trauma, injustiça ou revolta. Claro, isso
não quer dizer esquecer a lição ou não extrair de acontecimentos ruins ou
injustos algum aprendizado ou determinação para mudar o estado das coisas. O
que não funciona é ficar se martirizando e vivendo no passado.
Muitas pessoas me escrevem relatando dificuldade em
superar acontecimentos de suas vidas, sejam pessoais, sejam profissionais ou
financeiros e até em relação a matérias e professores com as quais houve algum
trauma. Tudo isso influencia a vida cotidiana e, claro, a maratona dos
concursos
Existem vários exemplos, tanto no plano pessoal
quanto no plano profissional. No nosso caso específico, juntarei o
“profissional” ao pessoal e tratarei em separado do campo da preparação para
provas e concursos. Contudo, como sempre disse em meus livros, as questões
pessoais (autoestima, autoconfiança, família, saúde etc.) influenciam
decisivamente a questão profissional.
NO CAMPO PESSOAL:
- Exemplo 1 - Um pai ou mãe que perdem um filho e não são
capazes de recomeçar a sua vida, como se fazer isso fosse uma traição ao filho
falecido
- Exemplo 2 - Um empreendedor que perdeu todas suas economias
em um negócio ruinoso, ou por ter sido enganado pelo sócio, ou vítima de uma
tragédia (incêndio, desastre etc.).
- Exemplo 3 - Um homem ou mulher não conseguem reconstruir sua
vida após uma separação, divórcio ou traição.
- Exemplo 4 - Uma pessoa não consegue seguir adiante após
algum fato muito desagradável, como uma humilhação pública ou uma demissão
injusta. Conheço casos de pessoas cujas vidas ficaram literalmente paradas
aguardando, por exemplo, um processo judicial cível ou trabalhista que, em
tese, iria reparar a injustiça sofrida. Contudo, não estavam sendo capazes de
deixar o processo andar e ir cuidar de suas vidas. E, com a morosidade do
Judiciário, imagine o quanto problemático é deixar a vida parada até que um
processo se resolva, já que todos sabem que isso pode demorar anos, até
décadas
NO CAMPO DOS CONCURSOS, existem vários tipos de "traumas":
- Exemplo 1: as reprovações (especialmente as injustas ou por
poucos décimos), o que vai se agravando caso a pessoa comece a demorar a
passar ou a ter reprovações em muitos concursos seguidos. Isso é tanto
mais grave quanto menos a pessoa tiver a noção de que os concursos são um
projeto de médio a longo prazo.
- Exemplo 2 - pessoas que passam, mas não estão entre os
classificados. Ficam em 150.000, 20.000 etc., e acham que nunca chegarão na
zona de chamada. Bem, nesse concurso não, mas nos futuros isso irá acontecer
desde que continue a melhorar, ainda mais sabendo que os que estão sendo
aprovados não voltam para fazer de novo o mesmo concurso.
- Exemplo 3 - Pessoas que passam entre os classificados ou em
classificação que permita ser chamado no prazo do edital, mas que não são
convocadas imediatamente. Nessas hipóteses, passam muito tempo numa angústia
sobre se “dará tempo ou não” de ser chamado. O pessoal em cadastro de reserva
também sofre com essas dúvidas. Embora seja útil fazer concurso para “cadastro
de reserva”, a ansiedade sobre eventual chamada ou não pode ser ruim se não for
controlada.
- Exemplo 4 - Pessoas que são aprovadas honestamente em um
concurso e o mesmo é anulado por fraude, ou que ouvem boatos (às vezes não é só
boato, infelizmente) de fraude no concurso.
- Exemplo 5 - Pessoas que estão estudando seriamente para
concurso, com antecedência, Às vezes tendo largado o emprego, e que são
“atropeladas” por medidas e anúncios governamentais de que não haverá concurso
aquele ano ou para aquele cargo.
Ainda há outros casos, como os das pessoas com
dificuldade de conciliar estudo e trabalho ou o relacionamento aos estudos etc.
É para todas essas pessoas que quero sugerir o carimbo de “CASO ENCERRADO”.
Ele é uma simples e eficiente solução para
solucionar seus conflitos dando um “basta” ao sofrimento, encerrando o assunto
e abrindo espaço para mudanças e melhorias.
Se você tem algum caso que mereça ser encerrado,
pode contá-lo para mim através do contato deste site, do meu site ou da minha
comunidade no Orkut. Em qualquer caso, hoje a idéia é trazer o tema à
discussão. Semana que vem falarei mais um pouco sobre o assunto.
Pense se você está gastando energia emocional com o
passado, decida – se for o caso – a dar umas “carimbadas” de “CASO ENCERRADO”
e, este é um convite, volte semana que vem para conversarmos mais sobre este
assunto.
Com abraço fraterno,
William Douglas
*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller “Como passar em provas e concursos” – www.williamdouglas.com.br.
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