Muitos candidatos a concursos públicos se preocupam com a quantidade de páginas por dia. Alguns atribuem um valor excessivo a esta preocupação, por vezes vivenciando angústias e até desespero.
É bem verdade que não há verdades absolutas em relação a nada na vida, principalmente quanto ao que envolva a natureza humana e, de forma mais destacada, os fenômenos cognitivos. Mas não se pode negar que existem pessoas que passaram em concursos públicos se orientando por metas de páginas por dia. Ea estruturação de um planejamento de estudo baseado em tais parâmetros, inegavelmente, proporciona precisão gerencial, bem como monitoramento e controle da execução.
Porém, algumas considerações e alertas se fazem necessários.
O primeiro é que, como tudo na vida, preocupações excessivas e além do limite do razoável nunca são recomendáveis. Inclusive, a depender do nível e da situação, tal fenômeno pode ser classificado como uma patologia psicológica. Portanto, não é bom que nada no processo de preparação para o concurso público seja objeto de preocupação excessiva, tal como uma paranóia, até mesmo assumindo características de transtorno obsessivo e compulsivo.
Mas um dos aspectos relevantes acerca da reflexão sobre a quantidade de páginas por dia consiste não no resultado quantitativo, mas qualitativo. Isto é, mais importante do que a quantidade de páginas estudadas trata-se da qualidade, em termos de eficácia cognitiva do estudo realizado.
E o que isto significa? Ou seja, o que é eficácia da aprendizagem?
Existem várias teorias, modelos e paradigmas para a compreensão do fenômeno da aprendizagem humana. Inclusive, a aprendizagem consiste numa função cognitiva secundária, para a qual é necessária a mobilização da concentração e memória, enquanto funções cognitivas primárias.
Mas para o fim do presente texto, vamos considerar como eficácia da aprendizagem o estudo de uma determinada página que resultou na compreensão, apropriação e disponibilidade intelectual do objeto de conhecimento abordado nesta mesma página. Em termos práticos, isto significa que, caso sejam cobradas na prova aquelas informações, você terá condições de responder a questão.
Portanto, isto é o mais importante.
Porém, nada impede e é saudável que você tenha consciência, acompanhe e monitore como está o seu estudo, em termos de quantidade de páginas. E para isto é preciso contar com algum parâmetro quantitativo.
No caso, é fundamental que tal parâmetro seja estabelecido de forma subjetiva, considerando as suas particularidades. Para tanto, no estabelecimento destes parâmetros quantitativos e subjetivos, é preciso que se considere as suas condições, em termos de capacidades cognitivas, bem como as características e a sua relação com a fonte bibliográfica e matéria que está estudando.
Assim, por um lado, cada candidato tem capacidades cognitivas distintas, o que repercutirá no tempo demandado para a leitura de uma página. Inclusive uma mesma pessoa, a depender do momento da vida ou de estudos, tende a contar com um tempo diferente.
Neste sentido, vale alertar para o espetacular fenômeno da neuroplasticidade, segundo o qual quanto mais o cérebro é demandado, mais amplia a sua capacidade de respostas. Dessa forma, a sua quantidade de páginas tende a mudar ao longo da preparação para o concurso público.
Por outro lado, também para uma mesma pessoa considerada, cada matéria ou fonte estudada pode demandar um tempo e custo cognitivo distinto para o estudo. Isto decorre de uma série de fatores, inclusive relacionados a aspectos culturais e de formação. E fundamentos científicos para sustentar tal compreensão não faltam.
Dessa forma, é fundamental que os parâmetros quantitativos, em termos de metas de páginas ou de referências para avaliar se está indo bem, não sejam ditados por terceiros ou estabelecidos de forma universalizante. Tais parâmetros devem ser subjetivos, individuais e específicos, considerando cada candidato e cada matéria.
E a partir daí é possível construir metas racionais de páginas por dia.
Mas como construir parâmetros quantitativos em termos de metas de páginas por dia?Uma das formas de estabelecimento dos referidos parâmetros consiste na metodologia inerente ao Sistema Tuctor.
Segundo esta, o candidato deve considerar uma página como uma Unidade de Estudos. Conforme o Glossário da Metodologia, a Unidade de Estudo consiste na “menor unidade gerencial do planejamento da preparação para o concurso público. Consiste na célula elementar que permite realizar estimativas e mensurações. Decorre da natureza da Fonte de Estudo. Se a Fonte for um livro ou apostila, a unidade de estudo será uma página, sendo um conjunto de exercícios, será um único exercício, se a fonte for um curso, a unidade será uma aula”.
Além disto, também é preciso contar com outro parâmetro, o qual corresponde ao Tempo por Unidade de Estudo (TUE), consistindo numa estimativa de tempo demandado para uma Unidade de Estudo ou, no caso, página. Vale destacar que no momento inicial é possível que esta estimativa seja pouco precisa, sendo que estimativa não se confunde com certeza.
Mas com os referidos critérios, a metodologia estabelece metas de páginas, conforme as particularidades de cada candidato e para cada matéria.
Porém, ainda conforme o mencionado método, ao longo da evolução dos estudos existe o fenômeno da Equalização, segundo o qual as metas de páginas ou unidades de estudos são ajustadas, conforme o que vem ocorrendo. Isto inclusive neutraliza a possível imprecisão do tempo por unidade de estudo (TUE) apurada no momento inicial.
Contando com tais parâmetros quantitativos, mas de natureza subjetiva, o candidato pode se monitorar, avaliando como avança.
No entanto, é preciso ter responsabilidade. Isto significa não procurar avançar por avançar. Ou seja, ter a certeza de que a página computada como estudada foi, de forma consciente e sincera, efetivamente estudada. Não faz sentido se enganar.
Tendo a referida responsabilidade e seriedade, você pode trabalhar com metas subjetivas de páginas e avaliar como avança.
No entanto, como tudo na vida, sem se escravizar e fazer disto uma preocupação desesperadora, pois o mais importante será sempre o resultado qualitativo e o quanto isto será relevante na prova.
PS2: A iniciativa da elaboração do presente texto foi inspirada em texto publicado no Blog do Prof Edilson Vitorelli, o qual pode ser acessado clicando neste link.
FONTE:
http://www.concursospublicos.pro.br
Prof. Rogerio Neiva:
- Juiz do Trabalho desde 2002
- Procurador de Estado de junho de 1999 a agosto de 2000
- Advogado da União (AGU) de março de 2001 a agosto de 2002
- Professor Universitário (graduação) – desde de 2000
- Professor de Cursos Preparatórios para Concursos – desde 2000
- Pisocopedagogo com pós graduação latu sensu em psicopedagogia clínica e institucional
- Pós Graduado latu sensu em Direito Público – UDF
- Pós Graduado em Administração Financeira – FGV
- Pós Graduando em Neuroaprendizagem
- Desenvolve orientação voltada à preparação para concursos públicos, a partir de abordagem empírica e científica, trabalhando com três eixos conceituais: Planejamento, Aprendizagem e Gestão Emocional
- Vice-Coordenador da Escola da Magistratura do Trabalho da 10ª Região – Gestão 2005/2007 e 2009/2011
- Membro da Comissão do Conselho Nacional de Justiça instituída para estudos sobre a Emenda Constitucional 62
- Criador do SISTEMA TUCTOR
Autor dos Livros:
- “Como se preparar para Concursos Públicos com Alto Rendimento“; Ed Método; 2010;
- “Concursos Públicos e Exames Oficiais: Preparação Estratégica, Eficiente e Racional”; Ed Atlas; 2009;
- “Temas de Direito do Trabalho aplicado à Administração Pública e a Fazenda Pública no Processo do Trabalho”; Ed Fortium, 2005;
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