quarta-feira, 25 de abril de 2012

Será que eu posso fazer concurso?


Engraçado como, depois que a gente passa no concurso, tudo parece simples e previsível. Ok! Dá um trabalho danado: é estudar, estudar e estudar. Mas as regras gerais do jogo são bastante claras. Pena que só percebemos isso com o passar do tempo. Mas lembro quão perdida eu me sentia quando comecei e vejo que todo mundo que decide iniciar a maratona – ou que ainda não tem certeza se vale a pena – tem dúvidas muito semelhantes.
Por exemplo, muita gente não sabe que a grande maioria dos concursos não exige formação específica, ou seja, quem fez faculdade em qualquer área pode se tornar fiscal, policial federal etc. Aí, vem a pergunta: como aprender matérias de Direito se nunca estudei isso? Ou Contabilidade? Ou qualquer outra? Simples: em primeiro lugar, as matérias são abordadas - tanto nos cursos preparatórios, quanto nos livros de editoras especializadas em concurso – de maneira objetiva e visando à construção do conhecimento desde o início. Em segundo lugar, que eu saiba, quando a gente entra na faculdade, começa a estudar matérias totalmente novas. E aprendemos. É a mesma coisa. 
Uma falsa crença também faz com pessoas escolham concursos que não cobre matemática, porque tinham dificuldades nessa matéria na época da escola. Outros até questionam se serão capazes de ser aprovados, já que nunca foram bons alunos e têm pouca base. Existem dois fatores determinantes aí. Nos tempos de escola, estávamos ali porque nossos pais nos colocaram e ninguém pensava que estaria “construindo o futuro”. Isso era distante e vago. Quando decidimos estudar para concurso, buscamos algo bastante concreto e objetivo: um bom salário, segurança e perspectivas de futuro (comprar um carro, uma casa, sair da casa dos pais, casar, viajar etc.). Não é uma miragem; é real e acontece, sim, a partir da posse no serviço público. Eu enfrentava sérios problemas financeiros antes de passar e um dia cheguei a ter a luz cortada. Dois anos depois da aprovação eu estava em Paris, passando férias. Outro fator que muda a nossa relação com o estudo é o fato de sermos mais velhos (pelo menos um pouco), adultos e sabermos o que queremos. A maturidade faz com que coisas que pareciam quase incompreensíveis nos tempos de escola sejam, hoje, bastante simples de serem aprendidas. E temos aí mais um fato interessante: mesmo antes da aprovação, aprendemos coisas que nos tornam cidadãos mais conscientes, conhecedores dos nossos direitos e deveres, e aprimorarmos o uso da língua portuguesa; tudo isso se reflete na nossa relação com o mundo. Tornamo-nos mais qualificados e seguros em diversas situações, inclusive de trabalho.
Muita gente, também, teme render-se à sedução dos concursos públicos porque acredita que estará abrindo mão de seus sonhos de profissão. Eu tenho uma visão diferente a respeito desse assunto. Quantas pessoas conhecemos que fizeram a faculdade que desejavam, exercem a profissão escolhida e “estão muito bem, obrigado”? Eu conheço poucas. A maioria ou escolhe a profissão que considera ter melhor mercado de trabalho, ou fez o que realmente gostaria e trabalha em algo que nada tem a ver com sua formação, ou trabalha na área, mas com remuneração muito baixa. Desculpem, mas... Isso é sonho?! Um profissional, para se colocar no mercado privado num patamar de excelência precisa de uns dez anos de exercício da profissão, além de muita competência e alguma sorte. Precisa ainda investir na sua qualificação profissional, o que requer dinheiro. Para quem pode, excelente! Mas penso que não é essa a realidade da maioria. Por que, então, não fazer um bom concurso e, a partir daí, poder retomar a profissão com qualidade? Será preciso conciliar os horários, mas haverá melhores condições de investimento e o fato de não se precisar daquilo para pagar as contas faz com que possamos escolher o que realmente nos agrada na profissão, sem ter de aceitar qualquer coisa em razão da necessidade.
Mas, atenção! É preciso não descuidar do trabalho quando for servidor público, realizando-o com qualidade, interesse e comprometimento. Afinal, será sua tarefa servir muito bem a quem paga o seu salário – a sociedade - e permite que você realize seus sonhos. É uma questão de justiça! Então, seja bem-vindo! 

Lia Salgado - Bacharel em Direito pela UFF. Fiscal de Rendas do município do Rio de Janeiro. Autora do Livro "Como Vencer a Maratona dos Concursos Públicos". Consultora em concursos públicos e colunista do site G1 e participa de diversos eventos sobre o assunto.






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